quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Material para estudo da avaliação do 2º bimestre de Sociologia - III


Trajetória da Sociologia no Brasil

O processo histórico da implementação da sociologia no ensino médio no Brasil, passou por um longo percurso marcado por continuidades, ausências e lutas, para entendermos melhor como isso se deu podemos dividir esse processo em três momentos, esses são de Institucionalização, Alinhamento ou Insulamento e Retorno Gradual.

· Institucionalização: Ocorreu no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, se dava prioridade aos conteúdos tradicionais tendo em vista que nesse período o Brasil sofria influencias do Positivismo, além de influencias dos Jesuítas e do Catolicismo, sabemos também que nesse período estávamos passando por uma serie de mudanças no país, estávamos deixando de ser Império e estava-se formando uma República, então nesse período a sociologia se preocupava em compreender melhor todas essas mudanças, tanto sociais, econômicas e politicas que estávamos passando.

Temos em 1930 um momento de extrema importância para a sociologia no Brasil, pois diferente dos países europeus onde a sociologia se deu primeiramente no ensino superior e depois passou a se desenvolver na educação básica, aqui aconteceu op inverso, temos ela se dando na educação básica inicialmente e depois no ensino superior e foi em 1931 com a Reforma de Francisco Campo, primeira reforma educacional em âmbito nacional, que temos a garantia da sociologia na educação básica, mas com um pouco mais também tivemos nessa reforma de certa forma uma hierarquização entre Ensino Escolar e Ensino Acadêmico, onde a sociologia irá se voltar mais para a academia.
 
· Alinjamento ou Insulamento (retirada ou afastamento): Ocorre por volta de 1940 a 1980, é justamente nesse período que teremos a ditadura, tanto da Eras Vargas, quanto a dos  militares. Aproximadamente em 1942 no Estado Novo temos a retirada da obrigatoriedade tanto da filosofia quanto da sociologia da educação básica, mas é em 1971 que temos a retirada dela pela ditadura militar que substitui essas duas disciplinas pelas de “Educação Moral e Cívica” e “Organização Social e Politica Brasileira”, que de forma resumida iria formar cidadãos a serviço do estado, já que vivíamos uma ditadura e para os militares não fazia nenhum sentido ter indivíduos que pensam e se articulam na sociedade. Nesse período a escola tinha que formar mão- de- obra para o mercado capitalista e desenvolvia um papel profissionalizante, tínhamos a Censura na rua e a repressão demonstrando o autoritarismo do governo e a sociologia era totalmente combatida, já que para os militares ela alimentava ideias comunistas.


· Retorno Gradual:  Ocorre por volta de 1980 a 2008, mas ainda se dá em nossos dias atuais, em 1980 estamos vivendo um período de redemocratização politica e com isso começa-se pensar na necessidade de uma reforma educacional que se daria acompanhada de diversas reformas pedagógicas a fim de reformular os aspectos retrógrados deixados pela ditadura militar. Nesse período temos o surgimento de vários movimentos que reivindicam o retorno da sociologia e filosofia que pouco a pouco vai voltando as salas de aulas, primeiramente no Rio de Janeiro por volta de 1988- 1989 com um caráter optativo e depois em outros estados, é aproximadamente nesse período que temos a Constituinte e depois a promulgação da Nova Constituinte, onde começa –se a discutir a elaboração de uma nova legislação educacional.

Em 1996 é Criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que cuidará das questões educacionais no país, mas a sociologia e a filosofia não entram como disciplinas principais em nenhuma área, as pressões continuam principalmente pela Federação Nacional dos Sociólogos (FNS) e em 2001 o Congresso Nacional aprova a inclusão das mesmas como disciplinas na educação básica, porém o presidente Fernando Henrique Cardoso veta a decisão do Congresso alegando que não haveria condições para o ensino das disciplinas, como argumento ele afirma não ter no país, profissionais qualificados para tal tarefa.  Somente no ano de 2008 é que teremos a inclusão das disciplinas nos três anos do ensino médio, se torna Lei Federal, aprovada pelo Senado e sancionada, em 2 de junho pelo presidente da República em exercício José de Alencar, mas o debate não se encerrar ele se amplia, pois o grande desafio agora será  pensar no papel dessas disciplinas no ensino médio.

Aula baseada no texto: Sociologia e filosofia nas escolas de ensino médio: ausências, permanências e perspectivas – Adélia Maria Miglievich; Dalton José Alves; Renata Saul; Virgílio de Lima Pereira.

Material para estudo da avaliação do 2º bimestre de Sociologia - II


Identidade e Comunidade

Quando pensamos de forma simples a ideia de identidade, podemos pensar que ela seria “aquilo que se é”, como se a identidade acontecesse de maneira independente e fosse algo simples que se encerrasse em si própria, por outro lado a diferença seria apenas oposição à identidade, então a diferença seria “aquilo que não se é”, não fazendo relação nenhuma entre identidade e diferença, mas estas se dão em estreita relação de dependência. Quando afirmamos “sou brasileiro” parece que essa afirmação se encerra em si própria, mas eu só preciso fazer essa afirmação porque existem outros seres que não são brasileiros. Há alguns processos pelo qual a identidade e a diferença são produzidas, o processo central é a diferenciação, a afirmação da identidade e a marcação da diferencia implicam em operações de incluir e excluir, dizer “o que somos” implica também dizer “o que não somos”.
Vimos a partir das afirmações acima que definir identidade não é algo tão simples assim, a identidade e diferença estão em estreita relação com as questões relacionadas ao poder, pois quem terá esse poder definirá a identidade ao mesmo tempo irá marcar as diferenças. Existe um processo central pelo qual a identidade e a diferença são produzidas, esse é chamado de Diferenciação, podemos também enxergar outros processos que traduzem essa diferenciação com os exemplos abaixo:
 Relações de: Incluir – Excluir; Demarcar fronteiras: “Nós - Eles”; Classificar: Bons e maus; Puros e impuros; Normalizar: “Nós somos normais” – “Eles não são normais”.

Quando dividimos o mundo em “nós e eles” não estamos apenas separando ou classificando, mas estamos fazendo isso de forma hierárquica, tratando um grupo como superior a outro grupo, esse tipo de classificação é conhecido como Classificação Binária, onde temos não somente duas partes, mas duas partes opostas, como uma pilha, onde um lado é tido como bom e o outro como ruim, essa classificação na nossa sociedade pode ser vista, por exemplo, nas relações:
 Gênero: Homem – Mulher; Opção Sexual: Heterossexual – Homossexual;
 Étnicas: Branco – Negro.

Analisando nossa sociedade vemos que há uma ideia de “normalidade” em relação à identidade, como se existisse uma identidade normal sendo essa tomada como natural e única aceitável, mas entendendo o processo de classificação binária vemos que isso não é verdade, essa classificação é feita e se é feita é feita por alguém ou algum grupo que detém o poder de defini-la, mas isso não quer dizer que ela seja verdadeira.
Dessa forma quando questionamos e problematizamos essa ideia de normalização percebemos que a identidade é uma construção social, que na verdade quando se classifica e se elege uma identidade como natural e normal e elegesse outra como anormal, estamos colocando do lado de fora algo que faz parte do de dentro, devemos pensar na identidade como fosse uma moeda com duas faces e ela só existe se existir diferenças entre as faces, por exemplo, quando falamos de  homossexualidade e heterossexualidade, estamos falando de sexualidade, assim quando falamos  de homem e de mulher, estamos falando de seres humanos, afinal a diferença é parte ativa da formação da identidade.
 Assim como a ideia de identidade é construída socialmente a de comunidade também é, poderíamos entendê-la com um grupo social que compartilha as mesmas características e interesses comuns, que são mostradas através de símbolos, esses símbolos irão determinar a identidade desse grupo. Devemos saber que na comunidade irá vigora a consciência coletiva, ou seja, não é o que o individuo pensa, mas o que a comunidade pensa.  A comunidade é uma construção social, em virtude dos seus componentes viverem de maneira permanente em determinada área, além da consciência de pertencerem, ao mesmo tempo, ao grupo e ao lugar, e de partilharem o que diz respeito aos principais assuntos das suas vidas. Têm consciência das necessidades dos indivíduos, tanto dentro como fora do seu grupo imediato e, por essa razão, apresentam tendência para cooperar estritamente.

Aula baseada no texto “Identidade e Diferença” de Tomaz Tadeu da Silva.
Leitura complementar:
A Consciência Coletiva; Solidariedade Orgânica e Mecânica – Émile Durkheim ( livro Cristina Costa páginas 86 e 87).

Material para estudo da avaliação do 2º bimestre de Sociologia


 Fato Social

A Teoria do Fato Social foi pensada pelo sociólogo Émile Durkheim considerado um dos nomes mais importantes da sociologia, em sua teoria ele descreve como os fatos sociais devem ser observados, suas características e como eles agem na sociedade.
O que seria então o Fato Social?
Podemos dizer que fato social seria tudo aquilo capaz de exercer algum tipo de coerção sobre o individuo, se impondo como ação que os indivíduos teriam que realizar sob pena de ficarem de fora do conjunto da sociedade. De forma mais simplificada poderíamos enxergar os fatos sociais quando a forma de agir e de pensar dos indivíduos sofre algum tipo de “força” externa desse modo algo que não nasce, por exemplo, com ele, mas que está fora dele. Mas nem todo fato comum pode ser considerado um “fato social”, para ser considerado fato social é preciso ter três características e essas são:
·         Coerção: Característica relacionada com o poder, com a qual os padrões culturais de uma sociedade se impõem aos indivíduos que a integram obrigando esses indivíduos a cumpri-los, essa coerção pode se dá de varias maneiras, não somente de forma violenta, mas também das formas mais sutis possíveis.
Exterioridade: Relaciona-se ao fato de esses padrões culturais serem exteriores ao individuo e independentes de sua consciência.
Generalidade: Os fatos sociais são coletivos, eles não existem para um único individuo, mas para todo um grupo, ou sociedade.
Com isso, agora sabemos que os fatos sociais são coletivos, ou seja, não existem para um único individuo, mas para toda a sociedade, podermos enxergá-los em alguns dos exemplos: regras Jurídicas, regras morais, dogmas religiosos, maneira de agir, costumes.  Em suma, a partir da teoria do fato social e das discursões em sala, vimos que as formas de convivência na sociedade são vistas de forma naturalizada, mas quando analisamos por outra ótica, vimos que muitas das ações realizadas pelos indivíduos são condicionadas a ele.

Aula baseada na obra: As Regras do Método Sociológico (Fato Social) – Émile Durkheim

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Morreu o aluno Jaime

Lamentavelmente nesta segunda feira faleceu nosso aluno do 9º ano Jaime, portador de uma doença grave desde seu nascimento, lutou bravamente até esta data, doença causada por uma anemia falciforme (uma anomalia celular) que lhe causou muitos transtornos, dores e sofrimento. Parte desta vida deixando para colegas alunos, professores, direção, parentes e amigos muitas saudades e boas recordações até das horas mais difíceis. Este professor que escreve estas linhas já teve momentos duros na escola com ele, mas sempre com muito respeito e na busca do melhor para ambos, nestes últimos meses estávamos num perfeito entrosamento numa convivência harmoniosa. Deus o tenho em bom agrado!

Vem aí Paralisação Nacional pelo Piso, Carreira e PNE


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A CNTE convoca todas as entidades filiadas a participarem da paralisação nacional que vai acontecer no dia 16 de agosto. O principal objetivo da mobilização será cobrar a implementação do Piso nos estados. Mesmo com a aprovação da Lei do Piso e com o reconhecimento da sua legalidade por parte dos ministros do STF, professores de alguns municípios e estados ainda não recebem o valor estipulado em lei. Assim,  a Confederação orienta a todos os sindicatos que participem dessa luta pela implantação do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN). É preciso que o processo de negociação com os governos inicie com o valor de R$ 1.597,87, defendido pela entidade como vencimento inicial na carreira.
A CNTE também reivindicará o cumprimento integral da lei com 1/3 da jornada destinada para a hora atividade. O valor do Piso deve ser aplicado para as jornadas de trabalho que estão instituídas nos planos de carreira de estados e municípios. "A paralisação vai acentuar a luta pelo Piso. É dessa maneira que nós vamos conseguir fazer valer a Lei e os interesses de uma educação de qualidade no Plano Nacional de Educação (PNE). Isso porque, tudo que é possível para fazer postergar essa vitória, que não é só dos trabalhadores, mas da educação pública brasileira, vem sendo feito pelos gestores. Então isso causa um problema, um tensionamento desnecessário e só atrasa os passos iniciais para que a gente possa entrar no rumo de um país com educação pública de qualidade. Aliás, é deseducador do ponto de vista da cidadania, que os governos estejam promovendo e encontrando subterfúgios para descumprir a Lei que foi aprovada duas vezes", ressaltou o presidente da CNTE, Roberto Leão.

Leão também destacou o desrespeito à carreira dos professores em todo o país. "No que diz respeito à carreira podemos observar que se eles pagam o Piso para o professor de nível médio, eles dão uma diferença de 10, 20, 30 reais para o professor com formação de nível superior e isso descaracteriza a carreira. São artifícios para fazer economia às custas da educação. Então nós temos muito dinheiro da educação que vai para o lixo com desvio na merenda escolar, no transporte escolar e na construção. Todas as mazelas existem com o dinheiro da educação e isso precisa acabar para melhorar a gestão", finalizou. 

(CNTE, 14/07/2011)