quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Material para estudo da avaliação do 2º bimestre de Sociologia - II


Identidade e Comunidade

Quando pensamos de forma simples a ideia de identidade, podemos pensar que ela seria “aquilo que se é”, como se a identidade acontecesse de maneira independente e fosse algo simples que se encerrasse em si própria, por outro lado a diferença seria apenas oposição à identidade, então a diferença seria “aquilo que não se é”, não fazendo relação nenhuma entre identidade e diferença, mas estas se dão em estreita relação de dependência. Quando afirmamos “sou brasileiro” parece que essa afirmação se encerra em si própria, mas eu só preciso fazer essa afirmação porque existem outros seres que não são brasileiros. Há alguns processos pelo qual a identidade e a diferença são produzidas, o processo central é a diferenciação, a afirmação da identidade e a marcação da diferencia implicam em operações de incluir e excluir, dizer “o que somos” implica também dizer “o que não somos”.
Vimos a partir das afirmações acima que definir identidade não é algo tão simples assim, a identidade e diferença estão em estreita relação com as questões relacionadas ao poder, pois quem terá esse poder definirá a identidade ao mesmo tempo irá marcar as diferenças. Existe um processo central pelo qual a identidade e a diferença são produzidas, esse é chamado de Diferenciação, podemos também enxergar outros processos que traduzem essa diferenciação com os exemplos abaixo:
 Relações de: Incluir – Excluir; Demarcar fronteiras: “Nós - Eles”; Classificar: Bons e maus; Puros e impuros; Normalizar: “Nós somos normais” – “Eles não são normais”.

Quando dividimos o mundo em “nós e eles” não estamos apenas separando ou classificando, mas estamos fazendo isso de forma hierárquica, tratando um grupo como superior a outro grupo, esse tipo de classificação é conhecido como Classificação Binária, onde temos não somente duas partes, mas duas partes opostas, como uma pilha, onde um lado é tido como bom e o outro como ruim, essa classificação na nossa sociedade pode ser vista, por exemplo, nas relações:
 Gênero: Homem – Mulher; Opção Sexual: Heterossexual – Homossexual;
 Étnicas: Branco – Negro.

Analisando nossa sociedade vemos que há uma ideia de “normalidade” em relação à identidade, como se existisse uma identidade normal sendo essa tomada como natural e única aceitável, mas entendendo o processo de classificação binária vemos que isso não é verdade, essa classificação é feita e se é feita é feita por alguém ou algum grupo que detém o poder de defini-la, mas isso não quer dizer que ela seja verdadeira.
Dessa forma quando questionamos e problematizamos essa ideia de normalização percebemos que a identidade é uma construção social, que na verdade quando se classifica e se elege uma identidade como natural e normal e elegesse outra como anormal, estamos colocando do lado de fora algo que faz parte do de dentro, devemos pensar na identidade como fosse uma moeda com duas faces e ela só existe se existir diferenças entre as faces, por exemplo, quando falamos de  homossexualidade e heterossexualidade, estamos falando de sexualidade, assim quando falamos  de homem e de mulher, estamos falando de seres humanos, afinal a diferença é parte ativa da formação da identidade.
 Assim como a ideia de identidade é construída socialmente a de comunidade também é, poderíamos entendê-la com um grupo social que compartilha as mesmas características e interesses comuns, que são mostradas através de símbolos, esses símbolos irão determinar a identidade desse grupo. Devemos saber que na comunidade irá vigora a consciência coletiva, ou seja, não é o que o individuo pensa, mas o que a comunidade pensa.  A comunidade é uma construção social, em virtude dos seus componentes viverem de maneira permanente em determinada área, além da consciência de pertencerem, ao mesmo tempo, ao grupo e ao lugar, e de partilharem o que diz respeito aos principais assuntos das suas vidas. Têm consciência das necessidades dos indivíduos, tanto dentro como fora do seu grupo imediato e, por essa razão, apresentam tendência para cooperar estritamente.

Aula baseada no texto “Identidade e Diferença” de Tomaz Tadeu da Silva.
Leitura complementar:
A Consciência Coletiva; Solidariedade Orgânica e Mecânica – Émile Durkheim ( livro Cristina Costa páginas 86 e 87).

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