O juiz do Trabalho Alexandre Roque Pinto concedeu antecipação de
tutela pleiteada pelo procurador-chefe do Trabalho, Eduardo Varandas,
para impedir que o Estado da Paraíba, através de quaisquer de seus
hospitais ou órgãos, terceirize a saúde pública.
Isso significa
que a partir de agora o Estado não mais poderá lançar mão de nenhum
contrato de terceirização de médicos, enfermeiros ou qualquer outro
profissional da rede pública.
O Poder Judiciário fixou multa diária de R$ 10mil por cada profissional terceirizado.
"Para
nós, outra postura não poderia ser esperada da Justiça do Trabalho
paraibana. As ilegalidades são evidentes, e a autonomia, imparcialidade e
coragem do Poder Judicário Federal do Trabalho sempre foram seus traços
indeléveis. O resultado só poderia ser o fazer cumprir da lei.",
enfatizou Varandas, subscritor da ação.
Na sua decisão, o juiz
Alexandre Roque Pinto deixou claro que "a concessão de tutela
antecipatória se impõe, diante da natural demora no andamento do
processo, pelo desencadeamento dos atos processuais e possíveis recursos
às instâncias superiores, a implicar na manutenção da ilegalidade e sem
sua ampliação, com a formalização de novos contratos irregulares. A fim
de evitar, portanto, a sangria do erário pela destinação de dinheiro
para o adimplemento de contratos irregulares, como sinalizam as atitudes
que o réu vem tomando nos últimos tempos, deve ser acolhido o pedido
antecipatório formulado pelo Ministério Público do Trabalho, na sua
íntegra".
ENTENDA O CASO
O Estado da
Paraíba, através de medida provisória, resolveu terceirizar todas as
atividades médicas do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto
Lucena.
Essa postura gerou uma série irregularidades
adminsitrativas e trabalhistas que levaram o MPT a pedir a condenação do
Estado, da Cruz Vermelha, do Secretário de Saúde e da Secretária de
Adminstração em 20 milhões de reais por danos à população.
Durante as investigações do MPT, ficou constatada uma série de lesões à Constituição, inclusive falta de qualificação da Cruz Vermelha para celebrar contrato de gestão pactuada com a adminsitração pública e sonegação de verbas salariais. Isso sem falar que as condições de trabalho, segundo o Sindicato dos Médicos, pioraram e a despesa com o hospital aumentou. O MPT provocou o TCU, o Ministério da Saúde e o TCE, tendo os tribunais de contas se manifestando contra a regularidade da gestão pactuada.
"Espero que, com tantas decisões contrárias, o
Estado passe a cumprir a lei, sob pena de lesar o Estado Democrático de
Direito e solapar, de forma criminosa e irresponsável, a legitimidade de
todas as autoridades e órgãos que se pronunciaram sobre a questão. A
matéria não é uma questão de escolha política de gestão, mas de violação
à lei", pontuou Varandas, que estuda outras medidas para demandar o
Estado.
Em arremate final, Varandas acrecescentou: "Gostaria que Procuradoria Geral do Estado apontasse a litigância de má-fé do MPT".
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